Na virada do último século um boom de produtos, serviços e plataformas inovadoras surgiu, redesenhando e ressignificando o modo como vivemos. As disrupções provocadas pela tecnologia alteraram a nossa percepção sobre como nos relacionamos, transformando as conexões entre pessoas, negócios e causas. Diferente da sabedoria convencional que modelou os sistemas da era industrial, uma nova sabedoria emergiu e, com ela, um novo jeito de fazer negócios.
Muitas pessoas consideraram que esse novo “jeito” fosse apenas mais uma onda corporativa; mais um clichê que veio para agitar o mundo empresarial, mas que no fim não passaria disso: pura agitação.
Ledo engano.
Empresas como Facebook, Aple, Microsoft, Samsung, Google, Coca-Cola e tantas outras têm usado o tal do pensamento do Design para inovar, cocriar, conectar e colaborar para um mundo melhor. Um mundo onde, de fato, o ser humano está no centro da cadeia de valor.
Mas, de que forma esse novo mindset conseguiu romper os velhos padrões? Qual o novo paradigma capaz de assimilar a agilidade e a velocidade do mundo digital? Esse pensamento está limitado às disrupções tecnológicas ou ele também envolve o ser humano?
Não se tem certeza sobre quando exatamente surgiu o conceito do Design Thinking, mas ele não é tão novo. Fato é que se popularizou muito a partir de Steve Jobs, Tim Brown (IDEO) e outras agências de inovação pelo mundo. Mas, afinal, o que é o Design Thinking? Para melhor entendê-lo é melhor definir o que ele não é.
Não é um processo, pois não possui entradas, saídas e controles. Tampouco diz respeito a um método, visto não possuir etapas. Também não diz respeito a especialização de design, como tantos que há por aí, como design de interiores, design de experiência, design de produtos etc.
O pensamento do design é o modelo mental que os designers utilizam para criar, experimentar, testar e validar ideias e protótipos, encontrar soluções criativas para problemas complexos, aplicado à vida, aos negócios, a qualquer situação. É uma abordagem que se vale de insumos e elementos de todos os campos do conhecimento, da aprendizagem e da experiência, sem exceção. Não se trata de uma caixa de ferramentas, pois a vida é a caixa de ferramentas do design, como diz Tim Brown, da IDEO, em seu livro “Design Thinking – decretando o fim de velhas ideias” (2010).
Design Thinking veio para romper com o status quo. Uma das suas principais premissas é colocar as pessoas como o princípio (por elas) o meio (com elas) e o fim (para elas). Elas são o agente ativo, influente, participativo. Nada é criado sem que as pessoas sejam consultadas e, mais ainda, convidadas a participar do processo criativo.
Segundo Martin Lindstron em “A lógica do consumo” (2009) alguns estudos mostram que no Japão e nos Estados Unidos 97% e 80% dos produtos lançados, respectivamente, fracassam. Ora, se há tantos produtos sendo lançados e tantos fracassando, é sinal de que alguma coisa está muito errada! Onde estavam os consumidores, os públicos, as pessoas que, supostamente, deveriam fazer uso de tais produtos no momento de sua criação? Alguém os consultou, os convidou para que participassem do processo criativo ou, pelo menos, testassem e validassem premissas e protótipos antes do efetivo lançamento? As ferramentas, métodos e abordagens utilizadas se aplicam às demandas atuais dos negócios e seus consumidores? Provavelmente não. Mas é exatamente para isso que o Design Thinking serve. Para inovar com e para as pessoas.
E isso só irá funcionar se elas estiverem literalmente presentes nesse projeto de design, de construção de propostas de valor.
Longe de quere esgotar o assunto, até porque nem uma centena de livros seria capaz disso, a imagem abaixo ilustra de maneira bem didática os principais elementos que compõem um projeto de Design Thinking.
Duplo Diamante